Desenho das crianças podem transmitir problemas emocionais e físicos em seus desenhos, e de forma inconsciente, na verdade desenhos feito por crianças durante o diálogo com um psicoterapeuta, tem sido uma ferramenta de análise emocional.
Criança pode transmitir problema emocional pelo desenho
Em seus desenhos as crianças podem revelar sinais de alegria, satisfação, curiosidade, angústia, raiva e tristeza… emoções estas de cunho físico, emocional e espiritual. Na grande maioria das vezes elas nem percebem porque estão desenhando aquele tema, quando na verdade estão se expressando de forma, digamos inconsciente… muito destes sentimentos são extravasados nos desenhos.
Uma boa técnica, é os pais ou cuidador “chegar como quem não quer nada” e pedir para a criança desenhar algo, observe, se suspeitar de algo estranho no desenho, faça perguntas cruciais a criança, caso detecte um problema emocional você pode procurar ajuda psicológica, principalmente se a criança revelar alguma pertubação emocional.
Não se preocupe com qualquer desenho
Mas relaxe, não entre em pânico, realmente muitos desenhos são avulsos, empolgação relacionado a algo que gostam e coisas do tipo. Pois os desenhos como análise psicológica deve ser analisado junto com outros fatores, e o responsável pode coletar provas e objeções, mas o diagnostico e análise final cabe somente ao especialista.
Por exemplo crianças com problemas sérios, como rejeição familiar ou ausência de um dos pais, podem desenhar muitos temas relacionados a família, revelando dados importantes no desenho, por exemplo em um desenho pode não constar o pai (pai ausente) ou algum parente com traços muito diferente evidenciando repulsa ou admiração (depende da forma como foi desenhado).
Um outro exemplo quando necessário maior atenção a criança é quando ela já tem 10 anos ou mais, e ainda desenha pessoas em forma de palitinhos, faltando detalhes importantes como roupas e partes do corpo, pois com está idade já era para ter os traços mais definidos.
O Lado Positivo do desenho
Crianças felizes que possuem afeto geralmente desenham locais perfeitos, pessoas felizes e em boa situação, os traços são bem definidos. Um fato importante é perceber se a criança está desenhando conforme a idade, quando digo “conforme a idade” não estou querendo dizer que ele faça desenhos profissionais conforme avança na idade! mas sim que desenhe no nível dele(a) é claro, mas com traços bem definidos e não obscuro e frágeis, se a criança pedir para colorir o desenho é melhor ainda, estimule isto.
Rabiscos Abstratos
A fase do rabisco abstratos (aquele que não forma nenhuma figura) dura em média até os 3 anos de idade. Passando dos 6 anos de idades normalmente eles querem dar sentido nos desenhos e introduzir as cores. Desenhar um sol muito vivido, radiante e colorido, pois a criança está feliz internamente, o inverso também é válido.
Desenho e Situação do Lar
Os traços, cores e os temas dos desenhos podem dizer muito sobre as emoções das crianças relacionados ao ambiente onde vivem, se tem muitas brigas ou não, falta de afeto ou não… ao consultar um bom terapeuta, fale tudo, não adianta esconder problemas conjugais, isso só iria atrasar a solução já que psicólogos tem meios para saber a situação do lar onde as crianças residem, dentro vários métodos, um deles é justamente os desenhos.
Significado do Desenho
As cores também possuem representações, desenhos pintados excessivamente de vermelho pode ser sinal de hiperatividade ou a criança está vivenciando violência constante. Desenhos enegrecidos, obscuros sempre pintado de preto podem evidenciar tristeza ou até depressão.
Desenhos fantasiosos com situações irreais podem mostrar o contexto emocional interno da criança como raiva, revolta, alegria, satisfação, e se a criança quase sempre desenha coisas absolutamente irreais é interessante ter mais atenção com ela, como pessoas faltando membros sem perna, braço ou sem cabeça.
Assim também muito desenhos com o tema de batalhas podem evidenciar algum conflito que a criança vive. Há também aqueles que desenham e apagam várias vezes isso demonstra insegurança ou perfeccionismo exacerbado. Enfim é possível conjecturar a possibilidade da criança está sofrendo algum abuso ou está muito bem cuidada e feliz através do significado dos seus desenhos.
Se algo neste sentido estiver chamando a sua atenção, consulte um bom especialista/psicologo, este profissional vai lhe dar a certeza se foi apenas um desenho comum de momento ou a criança está sofrendo traumas, e importante, não tome medidas precipitadas antes de consultar um especialista.
Caso de análise cientifica menciona desenhos infantis
Vou relatar o caso de uma análise cientifica sobre as emoções de uma criança hospitalizada, onde é citado o desenho como forma de expressão da emoção, aqui vou fazer somente uma explanação geral sobre o respectivo artigo cientifico, leia o artigo completo neste link: https://www.scielo.br/j/pe/a/
Autoras do artigo: Simone Vieira de Souza, Denise de Camargo, Yara Lucia M. Bulgacov
Linguagem dos Desenhos
O estudo enfatiza que o desenho que a criança faz, é uma atividade que consegue se adentrar nos planos mais interno e ocultos da sua mente, revelando informações importantes em forma de “sinais” (desenhos). É mencionado também que é necessário conversar com a criança no momento de sua produção artística, isso seria uma forma mais eficiente de detectar a real emoção/comportamento da criança.
No artigo há diversas citações de especialistas… no desenho, a criança expressa o significado e sentido que vê nos objetos, mas não desenha a realidade como ela é, e sim, a realidade conceituada, como esta realidade é percebida pela criança e memorizada. Como processos complexos, a memória e a imaginação transparecem no desenho por meio dos esquemas figurativos dos objetos reais que fazem sentido para a criança e que estão carregados de significação (Ferreira, 1998).
A criança analisada tem apenas quatro anos e sete meses, e ficou 65 dias internada no hospital para tratar uma pneumonia necrotizante, em que ocorre a formação de secreção que permanece nos pulmões sendo necessário uma drenagem cirúrgica, toracotomia, para a retirada do material necrosado.
Conversa com a psicóloga
Esta conversa abaixo foi a consulta que a psicologa fez com a criança cujo nome é Mel, esta conversa assim como o seu significado, faz parte do artigo original, do link postado acima. Estou colocando esta conversa aqui para você ter uma noção de como é uma psicoterapia a partir de desenhos e diálogos.
“Mel escolheu os personagens da história do Chapeuzinho Vermelho, mas desistiu do enredo ao constatar que estava faltando a vovozinha.
- Psicóloga: Você acha mesmo que não conseguiremos brincar sem a vovozinha?
– Mel: Não. (com expressão de contrariedade.)
– Psicóloga: E se fizermos uma história diferente?
– Silêncio.
– Psicóloga: Mel, tive uma idéia e gostaria de saber o que você acha. [neste momento, a criança olha novamente para a psicóloga, permanecendo em uma postura atenta]. Nós poderíamos brincar de inventar histórias. Você seria a escritora, a pessoa que inventa/cria histórias, e eu seria sua secretária, escrevendo as histórias que você fosse inventando. Você poderia contar sobre a sua história. Gostaria muito de conhecer mais coisas sobre você. Gosto de brincar com você e acho você uma menina muito legal.
– Mel: Eu quero brincar disto.
– Psicóloga: Assim como no livro de Chapeuzinho Vermelho tem desenhos e palavras escritas, nossa história também irá ter. Então, você poderia fazer os desenhos. O que acha?
– Mel sorriu, solicitando canetinhas.
- Psicóloga: Quem são estas pessoas?
– Mel: Eu, minhas irmãs Fernanda e Suzana, Lucas e Jéssica.
– Psicóloga: O que Lucas e Jéssica são de você?
– Mel: Meus primos.
– Psicóloga: O que vocês estão fazendo?
– Mel: Brincando de escolinha na casa da minha vó.
– Psicóloga: Quem é a professora?
– Mel: Minha irmã Suzana, ela tem 9 anos.
– Psicóloga: O que ela está ensinando?
– Mel: O abecedário da Xuxa. (começa a cantar a música: A de amor, B de baixinho…, fazendo gestos.)
– Psicóloga: Acho que sua irmã é uma boa professora e você uma aluna muito esperta. Vejo que aprendeu direitinho o abecedário. [Mel balança a cabeça afirmativamente, dizendo: Meu primo não é porque ele vive esquecendo a musiquinha e só quer ficar pintando.]
- Psicóloga: Quem é essa pessoa?
– Mel: Eu
– Psicóloga: O que você está fazendo?
– Mel: Tô vindo de táxi para o hospital, meu pulmão tá com bolinha e bichinho.
– Psicóloga: O que você sente?
– Mel: Nada, mais tinha que tomá remédinho pra voltá lá em Marilena.
- Psicóloga: O que está acontecendo aqui?
– Mel: Eu fui lá em cima na sala colocá esse caninho pas bolhinhas saí, mas os bichinhos ainda não saiu.
– Psicóloga: Quem disse isso?
– Mel: O tio que tirou a foto comigo.
– Psicóloga: Mas você já está começando a melhorar. Neste desenho, você tinha mais bolhinhas e não podia vir nesta salinha brincar comigo, nem sair da cama. Quando você tossia, você chorava e agora já pode fazer estas coisas.
– Mel: Meu pai vem amanhã buscá minha mãe e eu.
Explicando a Conversa
No artigo eles explicam a conversa acima da seguinte forma:
No caso representado, a menina desenhava figuras relacionadas à sua realidade dentro de um contexto temporal, definido no significado dado por meio da sua linguagem. No primeiro desenho, temos a menina brincando com suas irmãs e primos na casa da avó “lá” em Marilena. No terceiro desenho, sua história expressa uma perspectiva de futuro, sua fala traz a informação de que “amanhã” seu pai chegaria para levá-la junto com a mãe para sua cidade.
Mel revela, na produção da sua atividade expressiva (desenhos, imaginação e linguagem), uma realidade conceitual a partir de conhecimentos e experiências sociais interiorizadas.
Enquanto desenhava, Mel fazia contato com suas experiências na interação com o “outro” primos, pai, mãe, avó, médico etc… com o “tempo” presente, passado e futuro, mediado pelo significado expresso no uso da linguagem verbal.
Várias informações foram dadas a Mel: que ela teria de tomar remédios para os “bichinhos” irem embora, teria de colocar um caninho (dreno) para os bichinhos saírem do seu corpo, não poderia chorar quando sua mãe fosse embora da UTI, nem quando fosse tomar injeção etc. Mel organizou todos os elementos do que foi dito a ela e do que viveu em sua internação.
Durante o processo de construção dos seus desenhos, retornou a esta experiência num movimento de “reevocação da sua emoção”, ressignificando sua experiência. Por meio dos desenhos, Mel retorna e repassa sua experiência de internação nas imagens que cria, materializando e imprimindo o significado desta criação pela linguagem.
No final do artigo é mencionado que os desenhos quando encarados isoladamente sem uma conversa e dialogo com a criança, perdem muito o sentido… por exemplo em um dos desenhos de Mel havia uma menina com roupa de” bolinhas”, olhando este desenho isoladamente acharíamos que ela adornou a roupa da menina com bolinhas (estampa da roupa).
Mas durante a conversa com a psicologa aquelas “bolinhas” na roupa foi a forma como a menina Mel, desenhou a sim mesma com a doença, e as “pintinhas” ou “bolinhas” na roupa do desenho era os “bichinhos” (como ela chama a doença) que estavam no pulmão da menina (pneumonia) ela representou a doença como pintinhas sobre sí.
Um caso de bullying
Um outro caso verídico foi do menino que desenhava uma multidão de zumbis no caderno escolar, estes desenhos era feitos de forma forte, apertando a caneta contra o papel, tinha até alguns furos no papel, ele sempre desenhava dezenas de zumbis, nunca um único zumbi. Após consulta com um psicoterapeuta, percebeu-se que ele sofria de bullying na sala de aula.
A criança tinha vergonha de contar para a família o que sofria na escola, para extravasar inconscientemente ele desenhava os zumbis, o psicologo logo percebeu que aquela multidão de zumbis era uma representação inconsciente que ele fez dos alunos que zombavam dele, a explicação do porque todos desenhos de zumbis sempre era em grande número, coincidia com o fato de que era praticamente quase toda a sala de aula que zombava dele, por isso seus zumbis sempre eram em grandes números (muitos alunos).
A força que ele apertava o papel para desenhar era sua raiva/vontade de revidar os insultos dos outros alunos. Após este evento o garoto foi trocado de escola. Mas só se soube do caso pelo motivo que a mãe estranhou os sucessivos desenhos e levou o menino ao psicologo.
Este artigo termina aqui, eu me chamo Renato Silva criador deste site Mestre Toy, proprietário do Pinterest Mestre toy – Arts que já conta com mais de 1 milhão de visualizadores mensais. Contemplo muito o universo Nerd/Geek e assuntos relacionados, até o próximo artigo e tudo de bom.
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