Neste capitulo você vai conhecer a turbulenta história do Vulcano, desde seu nascimento até a sua juventude, e a trágica relação com os seus pais biológicos. Acesse aqui o capítulo anterior, onde mostro a história de Maia e o nascimento de Hermes o deus dos pés ligeiros.
Assim nascia Vulcano (Hefesto) o deus das forjas…
Texto autor: Renato Silva
Certo dia Hera (Juno) esposa de Zeus (Júpiter), anuncia ao seu marido que estava grávida.
Hera muito orgulhosa e feliz dizia a todos – Este é o meu primeiro filho!
O Olimpo inteiro esperava com jubilo o nascimento do filho de Zeus e Hera. Eles se perguntavam: – Como ele vai ser? será que vai puxar a grande audácia da mãe? ou vai possuir a virilidade do pai? ele vai ser dono de uma beleza fabulosa! pois tanto a sua mãe, quanto o seu pai, são símbolos de perfeição.
Quanto mais chegava perto da hora da Hera dar a luz, mais indagações surgiam nos presentes que estavam no Olimpo, perguntas ficavam no ar como… – Que inclinações este bebê vai trazer do ventre da mãe? ele vai gostar de batalhas? ou vai ter gosto pela artes se expressando com grande maestria?
Até que todas as indagações, opiniões e suposições ficaram suspensas, pois Hera estava muito perto de parir o tão esperado bebê. Um grande grito e gemidos ressoaram pelos corredores do suntuoso palácio de Zeus.
Hera e Zeus frustados com o próprio filho
As palavras da mãe ao ver o seu bebê pela primeira vez, foi a mais estranha possível, ela disse: – Não, não pode ser, este é o meu filho?
Hera sentia repúdio pelo seu filho, ele era um bebê escuro, peludo, todo chamuscado como se estivesse saído de uma forja e não de um útero, além disso ele emitia um grunhido assustador e uma afeição terrível enquanto chorava. Zeus ficou completamente constrangido, e se afastou da cena do parto muito deprimido, enquanto Hera dava as costas para o berço roendo as unhas de nervoso.
Hera pensava: – Logo eu Hera, a rainha do céu, mãe de um demônio!
Enquanto isso o bebê não parava de chorar, seu choro mais parecia um estranho grunhido, que ecoava pelo palácio, como se tivesse duas vozes ao mesmo tempo!… não havia a harmonia que Hera esperava no choro do bebê, tanto ela quanto Zeus queria que o representante do principal deus do universo, fosse a criatura mais bela e angelical que existira… mas suas expectativas foram frustadas. Daqui uma das primeiras lições do universo: Nunca crie grandes expectativas por algo ou alguém!
Hera de tanta vergonha tapava os ouvidos para não escutar o choro do bebê, porém o choro do bebê não cessava nunca e todos os convidados escutavam aquele estranho choro, mas não viam o bebê, Hera e Zeus não sabia o que fazer. A saída silenciosa de Zeus indicava que ele largou o caso nas mãos de Hera.
Hera e a sua terrível atitude
Chegou um momento que Hera muito nervosa disse : – Basta, criatura horrenda! deve ter havido algum engano! com este estranho corpo de tritão, mais parece um filho de Poseidon, não aguento mais seu choro e nem a sua terrível aparência! vá embora daqui coisa estranha!
Hera frustada, completamente cega de desgosto, fecha os olhos erguendo a criança do berço, o bebê num ultimo esforço tenta dar um sorriso alegre e carinhoso para a sua mãe, no intuito dela não joga-lo de cima do monte Olimpo que fica acima das nuvens.
Mas não tem jeito, Hera abre o olho assustada e nervosa, e diz: – olha isso, que boca desgraçada, vai chorar novamente!
Infelizmente Hera a incompreensível, lança o seu próprio bebê do alto do monte Olimpo em direção a terra. O bebê cai ao ar livre emitindo um grito medonho de desespero, olhando os olhos da mãe, na esperança que ela o pegasse de alguma forma antes de cair, algo que não aconteceu, o bebê via Hera dando as costas e indo embora, enquanto ele caia.
Após a queda, o bebê ainda vivo por ser um deus, chorava de forma assustadora, seu choro ecoava pelos mares e por todos os continentes, um choro de abandono. O dia amanhecia e o infeliz menino peludo e feio, estava abandonado com fome, frio e sede… era apenas um bebê.
A deusa Hera já sabendo que o seu bebê não morreria na queda, pois seu filho é também um deus, ela lançou ele na direção do fundo do oceano, no meio dos rochedos, na intenção de ninguém encontra-lo.
A maravilhosa atuação de Eurínome e Tétis
Mas Eurínome, filha de Tétis e do Oceano, escutou os ruídos da criança, ela avisa a sua mãe sobre os ruídos.
Tétis a mais bela das filhas de Nereu por sua vez diz: – Realmente algo caiu do céu, em nossos domínios. Desta maneira mãe e filha foram ver o que caiu no oceano, lá nas entranhas dos rochedos, em meio as turbulentas ondas, elas encontram o pequeno menino peludo se debatendo desesperadamente em meio a terrível tempestade marítima.
Imediatamente a bela e caridosa Tétis abraça o menino, sobe com ele até a superfície e diz: – Tadinho, deve ter sido vítima de abandono, vamos levar este pobrezinho para a terra firme. Tétis e Eurínome chega a ilha de Lemnos, ali a bela Nereida, presta os primeiros socorros para o bebê, fazendo a água dos mares sair dos seus pulmõezinhos, pois ele já estava quase asfixiado.
Tétis a caridosa de bom coração, abraça o menino lhe dando pela primeira vez o sentimento de aconchego o famoso “calor de mãe”… coisa que aquele bebê não sentiu da sua mãe materna. Era visível a felicidade do menino perante o sentimento de aceitação e acolhimento daquela figura feminina chamada Tétis, que inspirava um afetuoso sentimento de maternidade.
O menino sorri vendo aquela carinhosa “mãe”, quando o menino sorrir, Tétis toda encantada com a alegria do bebê, diz muito feliz: – Veja Eurímide que lindo o sorriso deste bebê! ele está feliz.
Ao escutar estas carinhosas palavras o pequenino se alegra sobremaneira, já que era também as primeiras palavras de ternura que ele ouvira.
Ao velo sorrir novamente, Tétis também se alegra, pois este bebê mesmo em tamanho sofrimento, se alegra com a ternura do colo dela. Tétis se emociona e diz: – Veja, Eurínome, ele esta sorrindo novamente!
O carinho materno das suas mães adotivas
Tétis envolve ele com um cobertor e retira-o daquele local insalubre, levando-o para uma profunda e calorosa caverna. Lá as duas, prepara um local de aconchego, com tudo o que é necessária para um bebê se sentir muito bem.
Eurínome dá um beijo na testa peluda do bebê e diz: – Aqui este pobrezinho estará aquecido e seguro.
Enquanto Tétis e Eurínome arruma o local para o novo hóspede, elas percebem que o bebê sumiu, e sem fazer nenhum barulho… até aquela altura elas não imaginavam que era filho de Hera e de Zeus. As duas Nereidas ficam muito preocupadas e começam a procurar o bebê.
Na verdade o garoto engatinhando se enfiou em um escuro caminho na caverna, pois ele fora atraído pelo fogo da lava que estava em ebulição nas profundezas da terra. O destemido menino vai ao encontro da lava para descobrir o que é, pois para aquele pequeno, aquela luz lembra a do sol, o menino emiti um sorriso de alegria, que se confunde com um profundo ronco. Ao escutar os risos do bebê, imediatamente Tétis e a sua filha corre em direção a ele.
Ela encontra ele sentado, manuseando um pedaço de ferro no meio dos seus dedos quentes e chamuscado, o menino não se incomoda com altas temperaturas. Ele sorrir ao ver Tétis, chegando perto dele, ela toda encantada diz: – Veja Eurínome, ele esta alegre em meio as altas temperaturas. Agora ela olha para o bebê e completa: – Já que você gosta tanto de vulcões, vamos chama-lo de Vulcano! Eurínome, exclama: – É um excelente nome, adorei!
O presente de Vulcano para Tétis e Eurínome
O garoto olha satisfeito para as duas afetuosas mulheres, e aponta para cada uma as suas mãos, em cada mão brilha dois lindos brincos dourados, forjados em pedras preciosas, tão bem feito que até o melhor artesão do mundo aprovaria. O bebê Vulcano confeccionou estes dois brinquinhos, para agradar as duas moças que o tratara tão bem e sem nenhum preconceito, muito ao contrário da sua mãe biológica Hera.
Tétis diz, com um sorriso cristalino que ecoa pelas paredes da caverna: – Oh meu Zeus! isso é fabuloso, como pode, o pequeno é o melhor artesão que já vi, e nos agrada com belos brincos.
E assim crescia Vulcano, em meio as forjas nas profundezas da terra. Lá ele confeccionava as mais belas peças de todo tipo de metal / minério que se possa imaginar, com a maestria que supera em muito qualquer artesão que exista no mundo. Além de belas peças, Vulcano também fabricava armas divinas, estas que foram usadas em muitas guerras.
O presente de Vulcano para Hera
Certo dia Vulcano já adolescente, estava forjando algo. Tétis vendo o seu filho adotivo trabalhando perguntou-lhe: – Querido filho o que você está fazendo?… Vulcano responde: – Querida mãe, estou fazendo um presente para Hera.
Um trono magnífico dourado todo cintilante e reluzente, perfeito para a rainha do universo adornado com a peças mais preciosas que se pode encontrar, este era o presente que Vulcano prepara para a sua mãe biológica Hera.
Após terminar de forjar o suntuoso presente, Vulcano vai até o monte olimpo para dar o seu presente para Hera. Chegando nos portões do olimpo, uma das Horas que são as porteiras do céu, ao velo pergunta: – Quem é você, oh criatura feia? Vulcano logo responde: – Queira abrir logo os portões subalternas, eu sou Vulcano, filho de Hera e de Zeus, estou vindo entrega-lhe um presente.
As Horas abrem os portões, entra o jovem feio, peludo e coxo (por causa da queda livre ao ser lançado por Hera) ele se adentra no salão celestial, e os presentes no salão começam a rir, joga-lhe piadinhas sem graça, diziam coisas como: – Essa coisa feia é filho de Hera e de Zeus humpf…
Ignorando as piadinhas, já diante sua mãe biológica, Vulcano retira a coberta que esconde o magnífico trono dourado: – Aqui está minha mãe, fiz este presente para você, tenho a intenção de ganhar apenas a sua afeição.
Inicialmente Hera, fica muito envergonhada com a presença do filho que ela quisera esconder, jamais ela aprovaria sua entrada caso fosse antes consultada, porém antes de dizer qualquer coisa negativa em relação ao seu filho, o brilho dourado do trono reflete intensamente em seus olhos, Hera fica tão encantada com o trono que deixa as criticas de lado, e aceita o presente.
Hera ficou toda orgulhosa com o seu presente divino, senta-se sobre o seu trono, e todos residentes do monte Olimpo aplaude ela, seu trono acentuou a sua grande beleza, dando um ar de soberania suprema sobre todos. Vulcano se ajoelha a ela perante o trono, pega a sua mão e lhe da um beijo, logo ele se retira com um largo sorriso dócil e aparentemente vil.
Hera sem falar nada pensa: – Apesar da feiura, ele não é um mal garoto, mas porque ele deu aquele sorriso meio choroso? Hera gostou tanto do presente, que ela não queria mais sair do trono, ela despachava todas as suas ordens sentada no seu divino trono.
O castigo de Hera
Hera dizia para Hebe (Juventas na mitologia romana) a sua copeira: – Eu vou comer aqui mesmo, em meu maravilhoso trono, traga-me ambrosia e o néctar divino. Somente no fim do dia Hera decidiu se levantar do trono, pois seu quadril já estava dolorido de estar sentada, ela ainda pensa: – Bem que ele poderia me fazer uma cama, com tamanha magnificência.
Porém algo de estranho acontece, Hera não conseguia sair do trono! – Mas o que? como pode isso? o que esta acontecendo com as minhas nádegas divina?. Desesperada ela chama Hebe: – Hebe! corra já aqui! me ajude.
Rapidamente Hebe chega diante Hera, após tenta-la tirar do trono, ela não consegue e diz: – Ah, suprema Hera, isto é incompreensível, suas nádegas celestiais estão realmente grudadas no trono, impossível tira-la daí. Hera desesperada e impaciente retrucava: – Cala a sua boca! e me ajude! tire-me daqui! não consigo sair.
Muitos ajudantes são chamados para tentar retirar Hera colada no trono, ela fazia tanta força para sair, que o seu gemido de dor ecoava por todo o palácio! um ferreiro chamado as pressas dizia: – Uau que trabalho magnifico este trono, veja, que lindas filigranas há aqui na base do seu trono, deusa suprema.
Hera mais irritada que nunca respondeu gritando na orelha do incauto ferreiro: – Cale a sua boca! e me tire daqui seu maldito idiota! ou vou mandar fazer filigranas em você! sabe aonde!. Desta maneira a frustração de Hera perante tamanha humilhação, fazia ela perder seus modos e a sua realeza moral. O dispositivo forjado por Vulcano para prende-la no trono, foi tão poderoso, que até os deuses não conseguiram soltar Hera do assento.
Vulcano é chamado por Hera
Hera, sem saída, completamente exausta, dolorida e rendida pelo dispositivo do Vulcano, disse: – Chamem o desgraçado que forjou este trono! agora rápido! Vulcano já esperando ser chamado por Hera, prontamente foi até o olimpo.
Hera com muita raiva nos olhos, louca para puni-lo, falou para Vulcano: – Vamos filho ingrato, diga o que você quer para me libertar desta tortura!
Vulcano respondeu serenamente: – Apenas quero ser recebido aqui na minha casa celestial com respeito, quero transitar livremente pelo olimpo, já que sou filho seu Hera, a maior das deusas e filho do maior dos deuses, Zeus.
Hera mais aliviada com a proposta que não era tão exigente respondeu: – Está bem, eu aceito, agora liberte-me.
Mas Vulcano o barganhador, usou de uma estratégia psicológica muito eficiente… quando você quer pedir algo mais difícil de ser concedido… primeiro peça algo fácil para o outro lhe dar, para assim abrir uma abertura mental de aceitação… afinal mesmo prendendo Hera no trono, caso Vulcano não fosse sapiente, ele poderia ser torturado até ser forçado a solta-la… sua manobra era arriscada, por isso ele ia com toda cautela.
Vulcano e Afrodite
Vulcano fez mais um ultimo pedido, além daquele que já foi aceito: – Ah! sim! quero também tomar por esposa Afrodite (Vênus), pois amo ela perdidamente. Hera se espanta e prontamente responde: – Afrodite com você?! isso é impossível! mas mesmo assim vou mandar chama-la, para ouvir a sua proposta.
Vulcano retruca: – Sim eu sei que sou muito feio, porém há algo que conheço nas mulheres que eu posso suprir e muito! a segurança, elegância e valorização… eu posso forjar o que Afrodite quiser, com minhas riquezas posso dar todo o luxo que a sua beleza merece, assim como protege-la de tudo. Disse Vulcano o fiel, ele jamais trairia Afrodite.
Desta maneira e por este motivo, Afrodite foi chamada, e diante de tamanha educação do deus feioso e tão vantajosa proposta, ela aceita e toma Vulcano por marido.
Vulcano todo feliz, se ajoelha chorando diante Afrodite, pega a delicada e cheirosa mão dela e beija. Afrodite sente os seus rudes lábios, assim a mais bela das deusas dá um sorriso maravilhoso e discreto de aceitação, enquanto pensa: – Olhe isto, ele me ama mesmo! ele me ama de verdade, esta até chorando de felicidade.
Depois deste ocorrido, Vulcano faz as pazes com a sua mãe Hera. Sem desavenças e ressentimentos, Vulcano torna-se o deus artífice amado e respeitado em todo olimpo. Suas engenhocas destes as comuns as militares foram vastamente utilizadas pelos deuses, semi-deuses e até pelos humanos.
Continua na história 10 “O Turbulento Nascimento da Minerva (Atena)”
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